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Prefeitos pedem clareza na responsabilização de cada ente em processos judiciais de saúde

Prefeitos pedem clareza na responsabilização de cada ente em processos judiciais de saúde

Judicialização do tema foi assunto de audiências, da FNP e do Conasems, com ministros do STF

Prefeitos voltaram a afirmar que a judicialização da saúde tem extrapolado as responsabilidades que cabem aos municípios. O assunto foi pauta de reuniões articuladas pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), nesta semana, com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A motivação da pauta é sensibilizar os magistrados para que levem em consideração a situação caótica que municípios têm enfrentado com o financiamento da saúde, no julgamento de três recursos, de repercussão geral e uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), que devem ser votados na próxima quarta-feira, 22.

Segundo o prefeito de Igarassu/PE, Mauro Ricardo, vice-presidente Nacional do g100, o papel do município é a atenção básica. “É o trabalho preventivo, essa é a parte principal que cabe ao município”, disse. Nesse sentido, o presidente do Conasems, Mauro Junqueira, reforçou que o pleito não é pelo fim do direito que a população tem de entrar na justiça. “Entendemos que é importante o processo da judicialização, mas tem que ficar claro qual é a responsabilidade de cada ente”, falou.

O prefeito de Feira de Santana/BA, Colbert Martins, reforçou a preocupação dos prefeitos, afirmando que os municípios são o elo mais fraco da corrente e, consequentemente o mais atingido. “Queremos a sensibilidade dos senhores, porque as dificuldades estão sendo maiores.”

“É importante que vocês visitem os outros gabinetes”, orientou Toffoli. Os prefeitos estão mobilizados para isso e durante esta semana se reuniram com a ministra Carmem Lúcia com as equipes técnicas dos ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, no dia 15. Para reforçar o pleito, na segunda-feira, 20, as assessorias técnicas da FNP e do Conasems percorreram os gabinetes dos ministros Ricardo Lewandowski, Edson Fachin, Marco Aurélio, Rosa Weber, Alexandre de Moraes e Celso de Mello, distribuindo memoriais com o posicionamento.

Processos judiciais
Na última década, o número de demandas judiciais relativas à saúde aumentou 130%, totalizando quase 500 mil processos. O dado é do estudo “Judicialização da Saúde no Brasil - Perfil das demandas, causas e propostas de solução”, divulgado em abril deste ano, e que confirma a demanda da FNP por alternativas para que processos judiciais relativos à área não comprometam ainda mais os cofres municipais. Saiba mais.

De acordo com o estudo, em relação às demandas judiciais contra o SUS, medicamentos aparecem em 73,8% dos casos. De acordo com Mauro, “medicamentos de maior custo e que ainda estão em fase de pesquisa, não podem ser demandados para os municípios”, por exemplo. Para ele, nesses casos, “a responsabilidade tem que ser do Ministério da Saúde, que é o ente que tem mais poder de barganha, de negociar preço”.

Para o secretário de Saúde de Manaus/AM, Marcelo Magaldi Alves, esse tipo de ação judicial não é simples. “Existem casos concretos de medicamentos que não são registrados pela Anvisa e que, portanto, a sua comercialização ainda não está autorizada”, disse.

Segundo Marcelo, esse tipo de situação está levando os municípios a terem um custo elevado. “Os municípios estão cumprindo decisões judiciais sozinhos. Os outros entes não estão cumprindo a parte deles. A gente quer saber de que forma, tanto o estado quanto a União, podem contribuir para o cumprimento dessas decisões”, concluiu.