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Prefeitos apresentam ao ministro Haddad propostas da FNP para aprimoramento da PEC da reforma tributária

Prefeitos apresentam ao ministro Haddad propostas da FNP para aprimoramento da PEC da reforma tributária

Sebastião Melo e Edinho Silva defenderam que recursos devem chegar onde serviços públicos são prestados

A preocupação de governantes das cidades mais populosas do país com o impacto da reforma tributária nas finanças municipais voltou a ser assunto, nessa quarta-feira, 4. Em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dirigentes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) reforçaram a defesa de que os recursos devem estar onde os serviços públicos são prestados.

“Somos a favor de simplificar e de não aumentar impostos”, afirmou o prefeito de Porto Alegre/RS, Sebastião Melo, vice-presidente de Mobilidade da FNP. No entanto, afirmou que as consequências da extinção do ISS são incertas. “Esse é um imposto decisivo para a prestação de serviços”, disse.

Ainda conforme Melo, são as médias e grandes cidades as responsáveis pelos atendimentos oferecidos, inclusive, para a população de cidades pequenas. “Hoje os municípios são os responsáveis pela prestação de serviços, e cada vez mais o custeio pesa sobre os cofres das cidades. Não é correto que o município, como ente federado, seja penalizado no novo desenho tributário do país”, declarou o prefeito de Araraquara/SP, Edinho Silva, secretário-geral da FNP, que ponderou: “gostaríamos que nossas demandas fossem incorporadas pelo Governo”.

Foto - Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

Um dos pleitos apresentados ao ministro Haddad é transformar os 85% da cota-parte em IBS Municipal. Dessa forma, uma boa parte dos recursos recebidos a título de cota-parte não precisariam mais passar pelos estados antes de chegar aos municípios. Além disso, os prefeitos também alertaram para a Emenda nº 56 como prejudicial aos municípios, porque reduz a porcentagem da distribuição da cota-parte por população. “O critério populacional é um fator decisivo”, disse Melo.

O secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, usou os exemplos dos estados de Sergipe e Rio de Janeiro para justificar a preocupação dos municípios. No caso, Sergipe distribui o ICMS de forma igual para todos os municípios e o Rio de Janeiro não distribui para a capital.

“Nosso maior receio é que a reforma coloque o dinheiro onde a população não está. Não podemos admitir uma reforma que defina dois tipos de cidadão”, argumentou o secretário-executivo interino da FNP, Jeconias Junior.

Para Haddad, o risco de perda de recursos é baixo, considerando que a PEC 45/19 prevê que o imposto passará a incidir no destino, ou seja, que toda operação intermunicipal ou interestadual deverá ser tributada pela alíquota onde está o consumidor do bem ou serviço. “O critério do destino é correto”, falou.

Apesar disso, o ministro se mostrou sensível aos pleitos apresentados pela FNP, principalmente em relação à emenda pela garantia de serviços públicos essenciais disciplinando o pagamento de precatórios. Conforme o pleito da entidade, há que se considerar como “superendividados” os entes federados que tenham mais de 2% da sua Receita Corrente Líquida (RCL) comprometida com o pagamento de precatórios. Isso permitirá o recebimento de transferências voluntárias ainda que esteja inadimplente e o financiamento do estoque de precatórios para o pagamento de despesas correntes, por exemplo.

Outras propostas

Haddad indicou outras pautas paralelas, que não estão diretamente relacionadas à reforma, mas que ainda assim poderiam ajudar a situação fiscal dos municípios. Entre elas, o reajuste do piso do magistério definido no Comitê Tripartite da Educação; atualmente é feito pelo governo federal. Outro ponto foi a securitização da dívida ativa como outra fonte de receita para os municípios.

Também estiveram o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, e o assessor econômico da FNP, Kleber Castro.