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Plataforma de saneamento básico vai auxiliar municípios na universalização de serviços

Plataforma de saneamento básico vai auxiliar municípios na universalização de serviços

Após sanção do Marco Legal, Brasil tem até 2033 para universalizar serviços básicos, como água e esgoto

Após um ano da sanção do Marco Legal do Saneamento Básico, milhões de brasileiros e brasileiras ainda não possuem serviços básicos, como tratamento de esgoto e água potável, condição mais evidenciada na pandemia. Com o propósito de discutir e propor soluções para essa situação, o Centro de Liderança Pública (CLP) promoveu um debate, nesta terça-feira, 31, para lançar o Guia do Saneamento Básico, plataforma para auxiliar gestores públicos em relação ao tema. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP) contribuiu com a discussão e apresentou o cenário dos municípios.

O novo marco legal prevê a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033 e viabiliza investimentos privados nos serviços de saneamento. Colbert Martins, prefeito de Feira de Santana/BA e vice-presidente de Infraestrutura da FNP, comentou sobre a titularidade municipal em relação aos resíduos sólidos, previsto no Marco. O gerenciamento adequado desses resíduos, segundo o prefeito, é essencial para o desenvolvimento econômico e social dos municípios e é preciso que prefeitas e prefeitos estejam atentos a isso.

“É um assunto sensível, porque há uma tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a cobrança desses serviços. Por isso, os municípios terão que enfrentar isso, porque não é muito discutido”, alertou.

Além dos impactos causados pela pandemia em áreas essenciais para a população, governantes municipais precisam ajustar os serviços locais para atender a nova lei. “É preciso superar as dúvidas, esclarecê-las e que os prefeitos venham a ter sua titularidade reconhecida, que não é só do resíduo sólido, é do saneamento básico”, ressaltou Colbert.

A plataforma desenvolvida pelo CLP tem como objetivo auxiliar gestores municipais na superação dos desafios logísticos, ambientais e orçamentários, com informações fundamentais para áreas de financiamento, planejamento, regionalização e implementação de estratégias para atrair investimentos privados, entre outras. Acesse aqui a plataforma.

Para Tadeu Barros, presidente do Centro, após pouco mais de um ano da sanção do Marco, “o tempo não parou.” Na opinião dele, é preciso avançar ainda mais e organizar todas as informações que o Marco trouxe. “Precisamos materializar essa legislação. A aprovação foi o primeiro degrau de uma escalada imensa, agora precisamos dar corpo e forma para isso, a partir do caminho que os gestores devem desenhar para alcançar a universalização dos serviços nos municípios”, disse.

Sobre a plataforma, ele afirmou que “queremos fugir dos antigos guias, queremos algo dinâmico, vivo, que realmente amenize a dor dos gestores públicos, já que existem realidades diferentes. A plataforma é uma jornada e esperamos que o gestor consiga encaixar, de forma customizada, essa jornada, porque ao mesmo tempo que falamos de tecnologias como inteligência artificial, drones e tantas outras coisas, não temos o básico, não temos saneamento. É urgente sair dessa realidade assustadora e aterrissar no século XXI”, frisou.

Stela Goldenstein, coordenadora nacional do 2030 Water Resources Group, entidade vinculada ao Banco Mundial, mediou a discussão e lembrou que o tema ainda apresenta desafios. “Existe uma dificuldade em avançar nessa pauta no Brasil, por isso a participação dos municípios nessa temática é fundamental, é um passo que ainda temos que dar.”

“Ainda que a nossa Constituição defina que os entes da Federação são iguais, a concentração de recursos nas esferas federal e estadual é maior que na municipal, e não está à altura da responsabilidade e da capacidade gerencial que municípios desempenham”, completou Stela.

Também participaram do debate Cleverson Aroeira da Silva, superintendente da Área de Estruturação de Parcerias de Investimentos do BNDES; Enrico Misasi, deputado federal e líder da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Saneamento Básico; e João Henrique Caldas, prefeito de Maceió/AL.

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Os assuntos tratados neste texto estão localizados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 - Água Potável e Saneamento; 17 - Parcerias e Meios de Implementação. Saiba mais aqui.