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Mandetta reconhece que recursos para saúde não estão repartidos corretamente entre os entes

Mandetta reconhece que recursos para saúde não estão repartidos corretamente entre os entes

Ministro da Saúde, Luiz Mandetta, recebeu prefeitos da FNP nesta quarta-feira, 30

Mobilizados para pleitear uma divisão de recursos mais adequada, dirigentes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) se reuniram na tarde desta quarta-feira, 30, com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O encontro faz parte de uma série de agendas da entidade, que tem buscado apoio do novo governo para soluções das demandas municipais.

A partir de dados do Anuário Multi Cidades – Finanças dos Municípios do Brasil, o prefeito de Campinas/SP, Jonas Donizette, presidente da FNP, justificou a necessidade de uma maior participação da União no custeio da saúde. “Nos últimos 15 anos, os municípios expandiram sua participação no financiamento da saúde em seis pontos percentuais. Já a União reduziu em nove. Os municípios investiram, em 2017, R$ 31 bilhões acima do mínimo constitucional da saúde, igualando à receita do IPTU do conjunto das cidades”, destacou o prefeito.

O ministro Mandetta legitimou o pleito. “Houve no passado recente um distanciamento entre a União e os municípios. Os municípios foram sobrecarregados com políticas de descentralização dos deveres, mas não foram descentralizados os recursos para fazer frente a esses deveres”, explicou.

Além dos custos crescentes da saúde para os cofres municipais, os prefeitos também pautaram com o ministro a inviabilidade de custear o turno extra de atendimento em postos de saúde, a participação na Comissão Intergestores Tripartite, o ressarcimento ao SUS feito pelos planos de saúde e o programa Mais Médicos.

“Estamos criando a Secretaria Nacional de Atenção Básica que vai ter um olhar muito atento a essas questões. Vamos propor uma nova forma de organização do sistema, partindo de onde o cidadão mora e isso deve vir de encontro à superação de várias das pautas que foram aqui colocadas. A informatização do sistema vai partir da ótica municipal e o pacto federativo será prioridade na saúde, em que os municípios vivem à beira de um colapso. Eu espero chegar no fim desse ciclo e comemorar que houve mais Brasil e menos Brasília”, garantiu Mandetta.

Para o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, o atual contexto da saúde nos municípios requer, de fato, medidas que desafoguem o sistema. “Estamos em um momento de crise muito acentuada e se não mudarmos os rumos, será impossível enfrentar”, alertou.
Com a reunião, a expectativa dos prefeitos é de um canal aberto para mais discussões. “É preciso destacar também que, mais importante que criar novos serviços, é fazer funcionar os que já existem”, ponderou a prefeita de Rio Branco, Socorro Neri.


“Quero sempre manter o diálogo com os prefeitos, porque é nos municípios que acontece a vida como ela é. Os estados e a União são virtuais, o conjunto de municípios é que formam o sistema nacional de saúde”, finalizou o ministro.

Participaram ainda da reunião o prefeito de Porto Alegre/RS, Nelson Marchezan Júnior, o prefeito de Teresina/PI, Firmino Filho, e o vice-prefeito de São Luís/MA, Júlio Pinheiro.