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 FNP participa de audiência pública sobre financiamento do transporte público da Câmara dos Deputados

  FNP participa de audiência pública sobre financiamento do transporte público da Câmara dos Deputados

 

Cerca de 1,7 mil municípios têm sistema de transporte estruturado no país e apenas 11 subsidiam os custos com recursos dos cofres públicos locais. São necessários cerca de R$ 5 bilhões para o auxílio emergencial

“O transporte público é uma função social que visa atender a todos e a crise no setor não é problema novo, mas que se agravou ainda mais, primeiro com a chegada dos transportes por aplicativo e num segundo momento com a questão da pandemia”, afirmou o prefeito de São José dos Campos/SP, Felício Ramuth, vice-presidente de Mobilidade Urbana da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), abrindo os debates da audiência pública na Câmara dos Deputados, nesta sexta-feira, 18.

O prefeito também destacou que a dependência da tarifa do sistema brasileiro está na contramão do que acontece em outros países que têm o serviço de melhor qualidade. “Em Paris, Madri, Copenhagen, Estocolmo, Montreal apenas 40% do custeio do transporte público vêm da tarifa. O restante é de subsídios do governo central”, explicou Ramuth.

Também participaram da agenda, coordenada pelo deputado federal Rodrigo Coelho, o secretário de Mobilidade Urbana de São José dos Campos, Paulo Guimarães, presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana; o presidente da Associação Nacional de Transporte Públicos (ANTP), Ailton Brasiliense; o presidente executivo da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU), Otávio Vieira da Cunha Filho; e o vice-presidente executivo da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Antonio Carlos Sanches.

O deputado exemplificou as dificuldades enfrentadas pelo setor. “Existem alguns obstáculos que não permitem que o serviço tenha qualidade e o preço adequado para a população, tais como: as gratuidades de determinadas categorias de usuários; o transporte ilegal de passageiros; os congestionamentos de trânsito nas cidades; a falta de manutenção da pavimentação e de prioridade, inclusive, do transporte coletivo no sistema viário; a inexistência de uma política tributária diferenciada sobre os serviços e insumos básicos do setor, em especial o óleo diesel; e a diferenciação entre tarifa pública, a cobrada do usuário e a tarifa de remuneração do operador”, salientou Coelho.

O secretário de Mobilidade Urbana de São José dos Campos destacou que o setor não precisa mais de auxílio, mas de socorro emergencial de R$ 5 bilhões a ser distribuído para os sistemas estruturados para subsidiar as gratuidades previstas em leis federais. “Não são os secretários, prefeitos que estão sofrendo, é a população. A gente está abrindo um precedente, à medida que não se tem esse auxílio, esse olhar que é constitucional por parte do governo federal... Que tem uma responsabilidade na política nacional de transporte. Isso também veio depois trazido pelo Estatuto das Cidades e reforçado pela Política Nacional de Mobilidade Urbana, então o papel do governo central precisa ser exercido de fato”, afirmou Guimarães.

Brasiliense falou da perda de espaço do transporte coletivo em detrimento do individual, que aumentou o consumo de energia em 146%, emissões de poluentes em 144%, mortes no trânsito em 28% e aumento nos tempos das viagens, com os congestionamentos, em 56%. “A necessidade de olhar daqui para frente o quanto se deve repensar o redesenho urbano, centrado no transporte público, nos seus corredores, em projetos que se complementam, trilhos e pneus, de tal forma que a gente possa ter, olhando para o futuro, melhores condições de deslocamento”, enfatizou o presidente da ANTP.

O presidente da NTU destacou que o setor contabilizou R$ 14 bilhões de prejuízos de março de 2020 até agora e que é necessário um auxílio federal para enfrentar a situação. “Nenhum país do mundo resolveu seus problemas de mobilidade sem transporte público coletivo. O transporte individual jamais será solução”, afirmou Cunha. Ele explicou também que “no mundo todo são os governos centrais que subsidiam os transportes de boa qualidade”.

O vice-presidente executivo da ANPTrilhos afirmou que a demanda de usuários caiu 80% no início da pandemia e agora está em 50%. “No curtíssimo prazo as empresas precisam de fluxo de caixa. É importante, sim, o curto, o médio e o longo, mas é o curtíssimo, que é o fluxo de caixa das empresas, que vai dar fôlego para que elas sobrevivam nesse período e possam passar agora os próximos meses e entrar numa discussão mais ampla de reformulação de todo o transporte público no Brasil”, disse Sanches.

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Os assuntos tratados neste texto estão localizados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis; 17 - Parcerias e Meios de Implementação. Saiba mais aqui.