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FNP destaca importância da mobilidade urbana durante capacitação de dados abertos para gestão do transporte

FNP destaca importância da mobilidade urbana durante capacitação de dados abertos para gestão do transporte

Abertura do programa voltado para técnicos e gestores de mobilidade urbana foi realizada nesta terça-feira, 26, e teve participação de representantes da União Europeia e do ITDP Brasil

“A mobilidade urbana é uma das principais diretrizes das grandes metrópoles do mundo.” A afirmação foi feita pelo prefeito de Ribeirão Preto/SP, Duarte Nogueira, secretário-geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), durante a abertura institucional do “Programa de capacitação sobre uso de dados abertos para gestão do transporte público”, nesta terça-feira, 26. O evento é parte do Projeto AcessoCidades, iniciativa entre FNP (Brasil), Confederación de Fondos de Cooperación y Solidaridad (Confocos/Espanha) e Associazione Nazionale Comuni Italiani (ANCI/Itália), com cofinanciamento da União Europeia.

A capacitação terá início no dia 1º de agosto e será composta por 11 oficinas virtuais, que seguem até setembro. Os encontros serão voltados para técnicos(as) e gestores(as) de cerca de 60 municípios em todo o Brasil, que tenham conhecimento estratégico nessa área. Construídas a partir das demandas levantadas na fase de mapeamento de dados abertos, as oficinas serão divididas em dois módulos. Saiba mais.

Durante a abertura do evento, Nogueira destacou a importância do tema para as cidades. “Na minha opinião, a mobilidade urbana é uma das seis principais diretrizes das grandes metrópoles do mundo todo, somada à segurança pública, saneamento básico, destinação final dos resíduos sólidos, empregabilidade e sustentabilidade. Ela é um grande desafio do planeta, pois mais da metade da população mora hoje nas grandes cidades. No Brasil, esse número chega a 85%. Na minha cidade, por exemplo, 99,7% da população mora na zona urbana”, revelou o prefeito.

Na opinião do secretário-geral da FNP, a mobilidade urbana é um passo importante para garantir oportunidade para todos, reduzir desigualdades e quantidade de veículos individuais nas cidades, garantir preços para atrair a população, reduzir a poluição e melhorar o ambiente de conforto e de qualidade de vida para todos. “Para isso, o compartilhamento e abertura de dados se dá de uma maneira fundamental, porque, a partir dessas informações, teremos capacidade de gerenciar nossos sistemas, dar mais transparência aos custos e considerar a inevitável questão dos subsídios”, disse.

A gestora do setor de Cooperação da Delegação da União Europeia no Brasil, Maria Cristina Araújo von Holstein-Rathlou, comentou sobre a relevância de projetos como o AcessoCidades para desenvolver políticas de mobilidade urbana mais sustentáveis. “Iniciativas como essa procuram melhorar a qualidade de vida das cidades, promovendo soluções de mobilidade ativa, como andar a pé e de bicicleta, e garantir uma boa acessibilidade para residentes e trabalhadores, além de gerar trocas de experiências e boas práticas.”

Maria Cristina afirmou que o Brasil é um país estratégico para a União Europeia e que o projeto foi concebido durante a pandemia de COVID-19 “já pensando em algumas ações que aumentassem a segurança das pessoas no transporte público nesse período, os trabalhadores foram os mais afetados em seus deslocamentos diários. A pandemia parece estar mais controlada, mas ainda assim é uma questão que devemos ter muita atenção, já que, de fato, ela revelou esse lado importante da gestão da mobilidade”.

Indicadores
A diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil), Clarisse Cunha Linke, apresentou dados que mostraram a importância de se debater mobilidade. “É preciso pensar o transporte como tema transversal a grandes agendas, como a de mudanças climáticas”, opinou.

De acordo com informações levantadas pelo ITDP Brasil, a crise no setor vem se perpetuando por décadas no país. “A taxa de motorização no Brasil hoje é de 471 veículos por mil habitantes. Em 2001, esse número chegava a 168. Os dados triplicaram em duas décadas”, lamentou a diretora. Além disso, 19% das emissões são oriundas do setor de energia, da qual pertence o transporte. Dessa porcentagem, 47,5% correspondem ao consumo de combustíveis em atividades por transporte. ‘A maior parte das emissões vêm dos transportes individuais”, completou.

Ela acentuou a queda significativa na demanda de transporte público nos últimos anos e lembrou o “problema de sustentabilidade financeira do transporte, que é basicamente financiado pela tarifa. É um ciclo vicioso do qual não conseguimos sair. É preciso discutir esse financiamento, desestimular o uso de transporte individual e a qualidade do serviço prestado no transporte coletivo”, defendeu.

Clarisse enfatizou, ainda, que os indicadores são importantes nesse processo de reflexão, “de definição de tendência do que queremos ver nas cidades, o que queremos monitorar e como que convidamos a população a participar desse processo” e citou os benefícios da abertura de dados: mais transparência e controle democrático; inovação e criação de produtos e serviços privados; economia dos cofres públicos; apoio à produção científica; e eficiência governamental.

Participou também da abertura do programa de capacitação o presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Municipais de Mobilidade Urbana e superintendente municipal de Transportes e Trânsito de Aracaju/SE, Renato Telles.

AcessoCidades
O AcessoCidades é uma iniciativa da FNP/Brasil com a Confocos/Espanha e a ANCI/Itália, com cofinanciamento da União Europeia. O projeto tem como objetivo qualificar políticas de mobilidade urbana no Brasil com vistas ao desenvolvimento sustentável e ao combate às desigualdades sociais, raciais e de gênero.

A iniciativa tem duração de três anos (entre 2021 e 2023) e quatro eixos de atuação: governança; diagnóstico e capacitação; planejamento e viabilização de boas práticas; e engajamento.

A partir disso, será possível pensar na sustentabilidade financeira do serviço de transporte público, na inovação tecnológica para qualificação e eficiência no setor, na mobilidade ativa e na regulamentação do transporte individual por aplicativos, entre outros. Saiba mais.

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