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FNP defende novos critérios para repasse do FPM

FNP defende novos critérios para repasse do FPM

Consultor econômico da entidade apresentou alternativas que busquem, de fato, equalização fiscal

Novos critérios para o repasse do Fundo de Participação Municipal (FPM) foram defendidos pelo consultor econômico da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Kleber Castro. O economista representou a entidade, nessa terça-feira, 11, em audiência pública, na Câmara dos Deputados, para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 391/17, que aumenta em 1% esse recurso destinado aos municípios. Kleber apresentou alternativas da FNP, que são mais estruturantes para a revisão do atual modelo de partilha e vão além da medida emergencial da PEC.

Segundo ele, o modelo brasileiro para o FPM representa uma “equalização fiscal às avessas” e “distorce ainda mais o equilíbrio federativo”. Isso porque leva em consideração apenas o critério populacional, o que levanta a premissa falsa de que cidades populosas são cidades ricas. De acordo com a FNP, a máxima não é verdadeira, já que a própria entidade identificou um recorde de municípios acima de 80 mil habitantes com alta vulnerabilidade socioeconômica, o g100.

Para o economista, um novo FPM passa pela busca real da equalização fiscal e isso depende da revisão dos critérios, contemplando nos indicadores de diversas dimensões (econômico, social, demográfico, geográfico etc), capacidades e necessidades. “O modelo brasileiro caminha no sentido oposto e distorce ainda mais o equilíbrio federativo”, disse.

Kleber citou a proposta da reforma tributária (PEC 45/2019) e reforçou que, quando aprovada, impactará na distribuição de recursos de municípios e estados. “Acredito que pacto federativo caminha do lado da reforma tributária e que não podem ser discutidos de forma dissociadas”, afirmou. Para o economista, a reforma poderia ser amenizada por uma rediscussão do sistema de transferências como um todo. “Seria essa uma janela de oportunidade?”, questionou.

1% a mais no FPM

Em tramitação na Casa, a PEC defende que a União acrescente 1% ao FPM. A expectativa do presidente da comissão, deputado Pedro Westphalen, é aprovar o texto da forma como veio do Senado, para que gere efeitos financeiros a partir do ano que vem.

De acordo com o coordenador-geral de Análise, Informação e Execução de Transferências Intergovernamentais da Secretaria do Tesouro Nacional, Ernesto Preciado, esse aumento representa, aos cofres municipais, R$ 1,3 bilhão nos dois primeiros anos, R$ 2,6 bilhões no terceiro e cerca de R$ 4,4 bilhões a partir do quarto ano.

Apesar de não se posicionar com relação à proposta, o representante do ministério da Economia, manifestou-se a favor de uma revisão do FPM. “Deveríamos avançar em indicadores para ter distribuição mais equalizada”, falou. O deputado Pedro Uczar defendeu a criação de Comissão Especial para discutir com mais fôlego essas mudanças dos critérios. Disse que as entidades têm que acumular informações e aprofundar o tema.

A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Susana Cordeiro Guerra, destacou a importância da operação censitária e do IBGE em “retratar o Brasil”. Segundo ela, o Censo 2020 irá inovar, com modernização, uso de tecnologia e agilidade. Também participou do debate, a auditora Federal de Controle Externo do TCU, Rita de Cassia Antunes Gomes Mascarenhas, que acredita que a melhor opção seja “esperar uma condição fiscal melhor” antes de aprovar a PEC.