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Em seminário, Cide Municipal figura entre alternativas para custear as tarifas do transporte público

Em seminário, Cide Municipal figura entre alternativas para custear as tarifas do transporte público

Pautados pela crise no setor, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e o jornal Valor Econômico promoveram, nesta quinta-feira, 1º, o seminário “Transporte Público Urbano: desafios e oportunidades”. Fontes externas de recursos para o setor, como a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide) Municipal sobre os combustíveis, foram evidenciadas pelo prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, vice-presidente de Mobilidade Urbana da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e pelo diretor administrativo e institucional da NTU, Marcos Bicalho, no painel “Tarifas, Financiamento e Sustentabilidade do Setor”.

Para o prefeito Ramuth, são necessárias estratégias políticas e de gestão para que haja uma mudança na crise do setor. “A Cide Municipal pode ajudar bastante a trazer essas melhorias. Parte pode aparecer em melhorias, que a população tanto quer”, destacou. A contribuição é uma proposta da FNP e delimita que os recursos sejam destinados exclusivamente para o custeio do setor. Além disso, é deflacionária e autorizativa, pois permite que o município proponha uma legislação que crie o subsídio.

Segundo Bicalho, 6% de aumento nos combustíveis podem significar uma previsão de receita anual de aproximadamente R$ 12 bilhões, o que compreende 30% dos custos atuais com o transporte. “Atualmente, a Cide tramita no Congresso e aguarda o momento oportuno para ser pautada nos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado”, contextualizou. O diretor disse também que, de acordo com a Constituição, por ser um serviço essencial e um direito social, justifica-se um tratamento tributário diferenciado para o transporte público, tal qual outras áreas como saúde e educação.

Para o deputado federal Carlos Zarattini, as tarifas não podem ter um custo além do que a população pode pagar e falou sobre a importância do subsídio cruzado entre transportes públicos e particulares como alternativa. “Não é possível resolver os graves problemas de circulação, poluição e acidentes se não melhorarmos o transporte público”, disse. Zarattini participou da implementação do Bilhete Único, em São Paulo/SP, enquanto secretário municipal.

No que diz respeito a financiamentos para o setor, o vice-presidente da Caixa, Roberto Derziê, mencionou o Refrota, um programa do governo federal para o financiamento de, pelo menos, 10% da frota de todo o país. São R$ 3 bilhões captados pelo Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) disponíveis a todos os estados e o Distrito Federal. “Vamos divulgar o programa e esperar que esses R$ 3 bilhões sejam rapidamente consumidos”, falou. O dirigente afirmou, ainda que “a Caixa entrou de corpo e alma nesse processo” e citou sobre o assessoramento que o banco disponibiliza para projetos de Concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs).

Abertura
Representando o ministro das Cidades, Bruno Araújo, o secretário Nacional de Mobilidade Urbana, José Roberto Generoso, foi claro ao dizer que “está sobrando dinheiro de financiamento para a mobilidade urbana”. No entanto, ele destacou como grande gargalo a qualidade dos projetos. “Isso torna muito difícil o equilíbrio desse problema. Os projetos precisam ser integrados entre estados e municípios”.

Em seguida, o Instituto FSB de pesquisa apresentou a Pesquisa NTU, que revela, em números, a crise no transporte público urbano. Entre as informações, quase 30% das empresas de ônibus urbanos possuem dívida superior a 40% do faturamento anual.

A partir disso, o presidente da NTU, Otávio Cunha, apresentou um panorama das causas da crise tais quais as manifestações de 2013, as gratuidades, queda na demanda, carga tributária, falta de capacidade de financiamento e judicialização dos reajustes tarifários. “O transporte é um serviço social. Precisamos pensar em planejamento e gestão eficiente”, concluiu durante o painel “A realidade econômico-financeira do setor de transporte público”. Essa mesa teve a participação, ainda, do professor do Departamento de Economia da USP, Rodrigo de Losso, e do empresário Edmundo de Carvalho Pinheiro.

“Contratos de Concessão e segurança” foi tema do outro painel, com contribuições da procuradora do Estado de São Paulo e vice-presidente do IBEJI, Inês Coimbra Prado, e dos advogados Vitor Schirato e Maurício Ribeiro.